Imprevisíveis e naturais: Veja características de terremotos que aconteceram a menos de 1 mil km do RN
01/04/2025
(Foto: Reprodução) Tremores ocorreram na quinta (27) e sexta-feira (28) no Oceano Atlântico, a menos de 1 mil km de Natal. Estrela mostra localização do primeiro terremoto; ao lado gráfico mostra registros dos dois eventos
Labsis/UFRN
Imprevisíveis, decorrentes de um processo natural e com potencial destrutivo: essas são três características dos terremotos, como os dois de magnitude superior a 6 na escala Richter, que ocorreram nas últimas quinta (27) e sexta-feira (28) no Oceano Atlântico, a menos de 1 mil km de Natal.
A explicação sobre os fenômenos é feita pelo professor Aderson Nascimento, coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que opera as estações de monitoramento da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que detectaram os tremores.
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O primeiro tremor, de magnitude 6.1 foi registrado às 21h34 da quinta-feira, a aproximadamente 42 km do arquipélago São Pedro e São Paulo e a 952 km de Natal. Já o segundo tremor ocorreu por volta das 14h17 da sexta (28) a menos de 3 km do epicentro do primeiro evento.
Processo natural
Segundo o professor, todos os terremotos são resultado de processos naturais, que não podem ser controlados pelo ser humano.
Na parte mais superficial da Terra, as rochas são submetidas a pressões, que são acumuladas até que elas cheguem a um limite e haja uma ruptura e parte dessa energia seja dissipada em forma de vibração.
"É possível comparar com uma vara de bambu, que pode ser envergada até que uma hora ela chega ao seu limite. Isso também ocorre com as rochas". afirma o professor.
No caso dos terremotos registrados no Oceano Atlântico, o professor explicou que os tremores ocorreram na dorsal meso-oceânica, onde está ocorrendo a separação das placas tectônicas africana e sul-americana. O processo é lento: o distanciamento varia de 10 a 12 milímetros por ano.
"Essa separação gera falhas. Imagine uma laje se rompendo. É como se fosse isso", exemplifica.
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Imprevisíveis
Segundo Aderson, cerca 95% dos terremotos registrados ocorrem em limites de placas tectônicas. Enquanto algumas se afastam uma da outra, outras estão em processo de "colisão".
Apesar de saber onde é mais provável que os terremotos ocorram, o professor afirma que é impossível prever quando e onde o próximo irá acontecer, como as previsões meteorológicas.
Embora não seja possível prever os terremotos, o professor defende a importância do monitoramento científico como parte do esforço humano de conhecer o planeta. "Muito se fala de preservação, mas só se preserva aquilo que se conhece", diz.
Potencial de destruição
Os terremotos registrados na última semana não geraram impactos no Rio Grande do Norte ou em outas partes do continente, nem causaram risco de tsunamis ou fortes ondas na costa.
Porém, o professor afirma que a depender do local em que ocorra, um terremoto dessa magnitude pode causar destruição em terra.
"Um terremoto de magnitude 7 praticamente destruiu o Haiti, que era um país que não estava preparado, mas não causaria o mesmo impacto no Chile ou no Japão, onde as construções são preparadas para isso", detalhou.
O maior terremoto já registrado no Rio Grande do Norte ocorreu em 1986 no município de João Câmara. O tremor de magnitude 5.1 aconteceu na madrugada do dia 30 de novembro e destruiu cerca de 4 mil imóveis.
Terremoto no Mianmar
O último evento sísmico registrado pela rede brasileira no oceano Atlântico ocorreu no mesmo dia em que um terremoto de magnitude 7.7 atingiu o Mianmar, na Ásia, deixando mais de 2,7 mil pessoas mortas.
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